Veja aqui algumas das premissas que orientam o trabalho do Núcleo de Soluções Urbanas Synapsis nas suas ações . .
Antes de iniciar uma jornada, esteja certo do destino. É preciso conhecer e assumir os anseios da comunidade, e fazê-lo com total isenção. O urbanista não pode pressupor as necessidades dos envolvidos a partir do seu ponto de vista pessoal. Traduzir a verdadeira vocação de uma comunidade, explicitando seus objetivos, é sempre o primeiro passo do caminho.
Não se esqueça que o destino não é mais importante que o caminho. Definidos os objetivos, o urbanista deve procurar a melhor direção para alcançá-los, porém, o modo, a maneira que encontramos para fazê-lo é o que mais importa. As cidades são mais longevas que seus habitantes, incluso aí o urbanista. Qualquer processo urbano não se encerra com a obra, seja ela qual for, ele é contínuo, e cada cidadão, no decorrer de sua vida, só pode experienciar alguns passos do percurso. Portanto, este deve ser positivo por si mesmo, e nele devemos concentrar nossa atenção.
O plantio é livre, mas a colheita é obrigatória. Tenha em mente que é possível fazer muito como urbanista, são infinitas as possibilidades, mas a responsabilidade é muito maior que o poder. Ao traçar uma linha, no momento em que o grafite toca o papel, nascem infinitas possibilidades de desenho, porém depois de feita a intervenção, ela é específica e os reflexos virão inexoravelmente. O urbanista nunca pode esquecer da escala em que está trabalhando, e da responsabilidade, que é proporcional.
Pare, olhe, e pense. Na dúvida, não ultrapasse. Em urbanismo não há espaço para a ação impensada. Qualquer erro afetará toda uma comunidade, e, via de regra, alcançará mais gente que um acerto. Os erros do urbanista interferem na vida do cidadão em todos os níveis, desde o mero desconforto até sua sobrevivência. Mesmo impunes, não podemos perder a consciência de que nossos erros provocam danos, até mesmo mortes, e quando isso acontece, raramente as vítimas são computadas unitariamente, as escalas de trabalho não são 1:100, são de ordem bastante superior… Sem ter absoluta certeza do benefício de uma ação, opte pela inação.
Daqui só se leva a memória. Pergunte-se sempre qual o ponto de partida, para onde cada proposta levará a comunidade, se será fácil e natural para ela abraçar tal proposta, e se sua identidade e seu patrimônio de acertos estão preservados.
Atabalhoadamente ou não, a cidade vive sem o urbanista. Nossa função é ajudá-la, e não prejudicá-la. Nunca deixe a cidade sem alternativas, jamais opte por intervenções que reduzam as suas possibilidades.
Pese com cuidado tudo o que propuser. Uma idéia interessante nos deixa com sede de aplicá-la, mas nem sempre a melhor solução é também a mais surpreendente. Correta competência é muito mais útil para o urbanista que genialidade espetacular.
Não confunda o que é urgente com o que é importante. Se você dá uma topada numa pedra, é natural reclamar da dor, mas antes da dor ou da pedra, precisamos pensar se aquele é o melhor caminho. Ao trabalhar com uma comunidade, é sobre a dor no pé que o urbanista recebe informações e é instado a intervir. Cabe ao profissional reconhecer o problema real, escondido atrás do sintoma.
Qualidade de vida é prazer e conhecimento. O urbanista trabalha para o dia a dia da comunidade, para obter mais qualidade de vida, e a vida acontece sempre no agora, nem antes, nem depois. O passado já está morto, e o futuro ainda não aconteceu. Tenha como objetivo último permear o dia a dia do cidadão com o máximo de lazer e cultura. Se isso for possível, todas as outras questões também já estarão resolvidas.
Não há ação sem reação. (ou: Nada é de graça, tudo tem seu preço.)
Considere sempre o custo social de cada ação, dentro de uma visão sistêmica. Não há intervenção que não tenha este componente. O tráfego retirado de uma rua terá de escoar por outra, e se, ao contrário, você alarga uma via, dará mais vazão aos automóveis, e estes chegarão em maior número e mais rapidamente em algum lugar! Alargar uma avenida pode gerar empregos, mas também cortá-los, o tempo da obra pode não ser suportável para o comércio de passagem. A cidade tem que ser considerada como um ser vivo, e mesmo a ação mais pontual pode gerar reflexos em outros locais da urbe.
Esteja sempre atento para que sua intervenção gere um saldo positivo para a sociedade, e nunca um negativo.
Crer para ver, antes de ver para crer. A vida não é estática, novos problemas exigem novas soluções, mas também podemos contar com novos conhecimentos. O urbanista de hoje tem que lidar com o inédito, e não existem soluções prontas. É preciso estar livre de preconceitos, considerar tudo com holisticidade, e manter uma postura de vanguarda, que é imprescindível para o urbanista. Temos que lidar com uma realidade inédita, cheia de problemas também inéditos. O que nunca foi feito não pode ter histórico de sucesso, portanto, antes de mais nada, é preciso crer no homem e na cidade, posto que a parte e o todo são indissociáveis.
Há um princípio hermético que nos ajuda a compreender essa realidade fractual, o Princípio da Correspondência: “Quod superius est sicus quod inferius, et quod inferius est sicus quod superius.” (O que está acima é como o que está abaixo, e o que está abaixo é como o que está acima.) Entendido o “como” não enquanto igual, mas enquanto análogo, semelhante.
Não somos iguais, somos o mesmo, da mesma terra, da mesma vida, da mesma tribo… momento. Compartilhamos tudo, passado, presente e futuro, necessidades e anseios, sobrevivemos neste universo, que é único, e assim como fazemos parte do todo, o todo também faz parte de cada um de nós. Somos a cidade, e ela só é quem nela habita, sem o homem é apenas ruína, fantasma.
As intervenções que o urbanista propõe devem ser benéficas em todas as escalas, e isto começa pela menor e mais particular. Nenhuma mudança será real, a não ser que o usuário também sofra uma transformação.
As ações na cidade devem integradas, e a primeira área envolvida é sempre a social. Para melhorar a cidade, não basta tratar o espaço, é preciso tratar ao mesmo tempo do usuário.
O homem é a medida de todas as coisas. Trabalhando com estas grandes escalas, é fácil esquecer o indivíduo, posto que é impossível considerar cada habitante. Mesmo assim, é imprescindível manter a consciência de que tudo é feito para o homem, pelo homem, e com o homem, sempre, mesmo quando tratamos das macro questões, focando o todo, buscando a holisticidade de cada ação, todos os reflexos serão percebidos por cada indivíduo em particular. A cidade está viva, mas quem sofre ou se regozija é o homem que nela habita.
Você pode distribuir esse conteúdo desde que cite (e avise) a autoria (Synarqs).
Autoria/créditos: